domingo, 4 de dezembro de 2011

INQUIETUDE

Diga-me como passar esses dias longos e frios
do inverno que se inicia em minha estrada
ainda forradas de folhas secas e amareladas
que o outono deixou, mas que a nortada não tarda,

se não me irradias mais o calor do teu largo sorriso
fértil em minhas terras áridas, escuras e banidas,
que esquentavam completamente o corpo e a alma
e abrandavam todas as impiedosas e cruéis ventanias?

Diga-me como não reviver todos aqueles momentos
que cismam e se projetam na minha sala deserta,
feito um astucioso filme de uma historia inacabada
que não pára de rodar diante da minha face molhada,

se não és mais o personagem principal dos meus dias,
se não és mais o grande imperador das minhas fantasias,
se nossas histórias já não dão mais a mesma audiência,
que povoavam nossos cartazes, panfletos e bilheterias?

Diga-me como esquecer todas aquelas belas cachoeiras
que jorram veemente em minhas telas frescas e emolduradas,
que enfeitam as paredes dos tantos quartos abandonados,
das lembranças das noites felizes e das tardes ensolaradas,

se minha natureza não se confunde mais com a tua selva,
se meu dia não desmaia mais em tua feroz noite estrelada
que iluminava até clarear e ressuscitar novamente meu dia
e teus pássaros já não se abrigam em minha copa cansada?

Diga-me como dizer não aos meus frenéticos sentidos
que desejam o repouso sereno dos teus nos meus lábios
que anseiam a maciez e a quentura dos teus largos braços
que eu fazia de minha morada, meu refugio, meu abrigo,

se não possuo mais os mapas das tuas, infinitas cavernas,
se meus olhos não enxergam mais nas tuas trilhas largadas
nenhuma pista infiltrada, nenhuma breve ou recente pegada
e teus rastros não existem mais sob a minha lanterna?

Diga-me como conseguir, definitivamente, esquecer
todas as artimanhas secretamente cravejadas e cravadas
feito a ponta afiada de uma velha e impetuosa espada
que ainda sem nenhuma piedade corta, fere, sangra e mata,

se minhas preces já não são mais atendidas,
de não pensar mais nas tantas idas e vindas
desse amor e suas inconstantes armadilhas,
se já não fazes mais parte da minha vida?

Nanda Braga

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O NOSSO MUNDO

Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno!
Poisando em ti o meu amor eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos…

Os meus sonhos agora são mais vagos…
O teu olhar em mim, hoje, é mais terno…
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e pressagos!

A vida, meu Amor, quer vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la!

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?…
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?…
O mundo, Amor?… As nossas bocas juntas!…

Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O INESPERADO

Parece que ta faltando um pedaço em mim,
uma fenda enorme se formou em meu peito
e não consigo pensar nem querer mais nada,
só de me refugiar em meu velho aconchego.

Queria acreditar que aquelas, duras, palavras
foram mais um, desmedido e violado, engano.
Mas como, agora, lutar contra todos os teus sinais,
com sentimentos que, de mim, não suportas mais,

se quando me negaste a única chave que abriria
todas aquelas portas de uma tão sonhada dinastia,
me roubaste todos os, possíveis, escudos e armas
e me deste a, demais inesperada, carta de alforria?

Nanda Braga

terça-feira, 20 de setembro de 2011

CERTAS NOITES

Tem certas noites
em que os dias são longos,
que as alamedas são açoites,
os campos são pastos
e os rastos, falhos dados.

Tem certas noites
em que a vida não passa
e a lua não se despede,
onde não tem choro nem risada
e os corpos não ardem em febre.

Tem certas noites
que a brisa congela
que a alma se talha,
que a morte se revela
e o tudo, no mais, é nada.

Tem certas noites
que esperamos somente um Fim
que desejamos somente um Sim.

Nanda Braga

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MAGIA

Quando naquele beijo me deixaste,
deixaste meu sorriso mais límpido
e meus olhos com um novo brilho.

Deixaste o gosto do nosso gosto,
as marcas dos teus em meus braços
e a delícia de nossos afagos.

Deixaste um que de quero mais,
a magia de uma nova estada
e a certeza de não querer mais nada.

Nanda Braga

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

É PROIBIDO

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Pablo Neruda

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

LIMPANDO O SISTEMA

Hoje exclui todos os arquivos e pastas,
apaguei teu rastro e tuas tantas legendas,
varri todas aquelas informações contidas,
todas as fotos, todos os e-mails e poemas

Deletei de vez tudo que pudesse lembrar,
tudo que pudesse me fazer regressar
a um tempo de alegrias e tempestades
que minha memória pede que formate.

Não que me arrependa de tudo que escrevi,
de todos os sentimentos que, em disco, salvei.
Estarão sempre guardados em outras memórias,
em memórias não-voláteis que nunca apagarei.

Mas agora meu disco central pede mais espaço,
exige que eu desafogue e limpe o meu sistema
para que eu possa, no futuro, baixar ou salvar
outros arquivos, outras fotos e outros poemas.

Nanda Braga

quarta-feira, 15 de junho de 2011

LAMENTO

Como eu queria voltar naquele tempo
em que me achavas sutil e frágil
e me tratavas com tanta delicadeza,
com tanto afeto e acolhimento.

Mas hoje vivo em meu lamento
de um dia ter te deixado conhecer
a minha mais pura e cruel verdade:
Que sutil e frágil - nem o pensamento.

Nanda Braga

sábado, 4 de junho de 2011

MEMÓRIA

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 3 de junho de 2011

SÚPLICA

Rogo à Deus que me arranque de uma só vez
toda aquela, inútil e sombria, avidez,

que me proteja de tuas falsas promessas,
do sorriso profano que me arremessas,

que me livre de todas aquelas esperanças,
de todas as, possíveis e sonhadas, alianças.

Mas como me deitar sem tua encosta,
sem tua boca em minha volta

e como continuar viver sem aquela outrora
que ainda me enlouquece e me devora,

se meu anoitecer ainda te clama e te espera
como o inverno aguarda a primavera,

se me sufoca o peito esse calor que não demora,
esse amor que não se liberta e nem se escora?

Nanda Braga

terça-feira, 31 de maio de 2011

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

DESEJOS DE PRIMAVERA

Quero suas tardes ensolaradas
esquentando meu corpo inteiro
deixando impressas as marcas
como um lindo verão de janeiro.

Quero suas noites enamoradas
terminando meu dia preguiçoso
de prosas, poesias e cantadas,
de rimas de um verso jocoso.

Quero suas manhãs raiadas,
que penetram por gerações,
iluminando mais essa estrada
que me leva à outras paixões.

Quero viver a métrica de sua fala
em contos esculpidos a navalha
de uma nova largada a ser dada
na vil esperança de uma chegada.


Nanda Braga e Sandro Marschhausen

sábado, 28 de maio de 2011

AMOR VIVO

Amar! Mas d'um amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos arpejos,
não sejam só delírios e desejos
d'uma doída cabeça escandecida...

Amor que viva e brilhe! Luz fundida
que penetre o meu ser - E não só beijos
dados no ar - Delírios e desejos -
Mas amor... Dos amores que têm a vida...

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia
não virá dissipá-lo nos meus braços
como névoa da vaga fantasia...

Nem murchará o sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
contra uns débeis amores... Se têm vida?

Antero de Quental

sexta-feira, 27 de maio de 2011

SE TU VIESSES VER-ME

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

Florbela Espanca - Charneca em Flor

AMAR

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui…além…
mais este e aquele, o outro e toda a gente..
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente.

Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi prá cantar

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja minha noite uma alvorada,
que me saiba perder…prá me encontrar…

Florbela Espanca

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O TEU RISO

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda

terça-feira, 10 de maio de 2011

PRANTO

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Cecília Meireles em “Serenata”.

Esperei-te tanto que meu canto
de esperar-te, adormeceu
no leito do caloroso pranto
esperando os beijos teus

Esperando o suspiro da volta,
o carinho do teu corpo,
encostar-me em tua escolta
e com ela chegar ao topo.

Mas ao topo, sangrando, cheguei
da minha fiel e insana paixão,
que ao mundo meus olhos cerrei
diante da desvairada e cruel multidão.

Nanda Braga

segunda-feira, 9 de maio de 2011

VELHO RETRATO

Como aquele velho retrato de fim de tarde
onde o sol se esconde e a noite custa chegar.
Nossos momentos ainda bailam com alarde
no horizonte daquela velha estrada, embaçar,

que as manhãs não apagam
da memória cansada e solitária,
e os corpos ainda afagam
as marcas das lembranças diárias.

Queria me transportar como um cometa
àquela noite de outono onde te conheci,
onde me tiraste os rastros e a etiqueta
e me deixaste somente em um croqui.

Queria beijar-te mais uma vez,
deitar-me na relva de suas estrelas
esquecer toda a mesmice e viuvez
e não pensar em mais nenhuma perda.

Nanda Braga

domingo, 8 de maio de 2011

PARA SEMPRE (HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES)

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 7 de maio de 2011

PALCO

Encerra uma história sem meio e sem começo,
cessa o fogo, de uma paixão, não atiçado,
murcham os jardins não germinados,
anoitece nos poemas sem enredo.

Como escrever do que não foi vivido,
colher em um pomar não triunfado,
chorar por um amor não amado,
curar um ferimento não sofrido?

E como atuar nessa peça sem palco,
sem texto demente ou convincente
de um amor sem útero, sem sêmen,
sem pai, sem mãe, sem ato?

Nanda Braga

NOSTALGIA

Será que um dia meu corpo apagará
todos os arrepios que um dia
em teus braços seguros eu vivi?

Será que um dia minha boca esquecerá
do gosto, indecifrável, da sua pele
quando, nessa aventura, me permiti?

Será que um dia meu presente abrigará
outras sensações e outros gozos
que só contigo - eu pude sentir?

nanda Braga

A BENÇÃO

Ao mar faço meus desejos
mais reluzentes,
e que no ensejo
esteja presente
a aurora da brisa,
sem nenhuma divisa

que abstraia
efêmeros sentimentos
de amor e algazarra.
E os momentos,
que as noites azulejam,
indeléveis sejam,

como aqueles
em nosso leito,
que o tempo desfez
mas que no peito
ainda queima e arde
como sol em fim de tarde.

À Senhora absoluta
do império das águas,
– sei que me escuta.
Peço como humilde nauta
que abençoe esta vossa filha
em sua árduosa trilha

de amores inúteis e dolorosos
que compõem uma historia de cores,
formas, crenças e ritmos vaporosos.

Nanda Braga

ANTINOMIA

Jurei que nunca mais escreveria uma sequer curta linha
para ti e esse amor inútil e insuportável que habita em mim.
Jurei trancar todos poemas em um baú e joga-los ao mar
só para ver e ter certeza de que nossa história teve um fim.

Mas como te abandonar ao mar e sua correnteza
se tua presença ainda é tão forte em meu entardecer
se teu olhar ainda vibra nos meus com destreza
e tuas lembranças ainda jorram mesmo sem querer?

Queria tanto mais um momento em teu peito,
minhas mãos sentem tanta falta do teu corpo
e o meu clama de saudade por teu feito.
Então! Como dizer-lhes que não somos mais o teu escopo?

Se não me conformo de não ter mais teu gosto
e de viver sem teu sorriso maroto.

Nanda Braga

NÃO MAIS

Decidir que não mais vou insistir,
não mais vou os botões tentar colher
dos proibidos e trancados jardins,
do teu indecifrável e misterioso ser.

Não mais vou cobiçar a rosa vermelha,
que tanto me ilumina e me seduz.
Respeitarei a pesada placa de madeira
que, como castigo, me proíbe e me reduz,

ao pó do pó de uma grande rosácea,
que findou pela seca e sua crueldade,
sem galhos, sem flores ou foliáceas,
que pudesse deixar alguma saudade.

Não mais vou querer pertencer
à tua infinita e valiosa coleção,
que dolorosamente me faz render
por tua dura e concreta objeção.

Não mais vou, em ser tua, sonhar
nem desejar por teus calibrados dedos,
minhas curtas e cheias melenas, tocar
e sentir teus beijos tirar-me todos os enredos.

Pois, toda estrada tem uma chegada,
todo romance um folhetim,
toda chuva uma estiada
e toda historia tem seu fim.

Nanda Braga