sábado, 7 de maio de 2011

NÃO MAIS

Decidir que não mais vou insistir,
não mais vou os botões tentar colher
dos proibidos e trancados jardins,
do teu indecifrável e misterioso ser.

Não mais vou cobiçar a rosa vermelha,
que tanto me ilumina e me seduz.
Respeitarei a pesada placa de madeira
que, como castigo, me proíbe e me reduz,

ao pó do pó de uma grande rosácea,
que findou pela seca e sua crueldade,
sem galhos, sem flores ou foliáceas,
que pudesse deixar alguma saudade.

Não mais vou querer pertencer
à tua infinita e valiosa coleção,
que dolorosamente me faz render
por tua dura e concreta objeção.

Não mais vou, em ser tua, sonhar
nem desejar por teus calibrados dedos,
minhas curtas e cheias melenas, tocar
e sentir teus beijos tirar-me todos os enredos.

Pois, toda estrada tem uma chegada,
todo romance um folhetim,
toda chuva uma estiada
e toda historia tem seu fim.

Nanda Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário