sábado, 7 de maio de 2011

PALCO

Encerra uma história sem meio e sem começo,
cessa o fogo, de uma paixão, não atiçado,
murcham os jardins não germinados,
anoitece nos poemas sem enredo.

Como escrever do que não foi vivido,
colher em um pomar não triunfado,
chorar por um amor não amado,
curar um ferimento não sofrido?

E como atuar nessa peça sem palco,
sem texto demente ou convincente
de um amor sem útero, sem sêmen,
sem pai, sem mãe, sem ato?

Nanda Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário