segunda-feira, 9 de maio de 2011

VELHO RETRATO

Como aquele velho retrato de fim de tarde
onde o sol se esconde e a noite custa chegar.
Nossos momentos ainda bailam com alarde
no horizonte daquela velha estrada, embaçar,

que as manhãs não apagam
da memória cansada e solitária,
e os corpos ainda afagam
as marcas das lembranças diárias.

Queria me transportar como um cometa
àquela noite de outono onde te conheci,
onde me tiraste os rastros e a etiqueta
e me deixaste somente em um croqui.

Queria beijar-te mais uma vez,
deitar-me na relva de suas estrelas
esquecer toda a mesmice e viuvez
e não pensar em mais nenhuma perda.

Nanda Braga

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