Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 31 de maio de 2011
DESEJOS DE PRIMAVERA
Quero suas tardes ensolaradas
esquentando meu corpo inteiro
deixando impressas as marcas
como um lindo verão de janeiro.
Quero suas noites enamoradas
terminando meu dia preguiçoso
de prosas, poesias e cantadas,
de rimas de um verso jocoso.
Quero suas manhãs raiadas,
que penetram por gerações,
iluminando mais essa estrada
que me leva à outras paixões.
Quero viver a métrica de sua fala
em contos esculpidos a navalha
de uma nova largada a ser dada
na vil esperança de uma chegada.
Nanda Braga e Sandro Marschhausen
esquentando meu corpo inteiro
deixando impressas as marcas
como um lindo verão de janeiro.
Quero suas noites enamoradas
terminando meu dia preguiçoso
de prosas, poesias e cantadas,
de rimas de um verso jocoso.
Quero suas manhãs raiadas,
que penetram por gerações,
iluminando mais essa estrada
que me leva à outras paixões.
Quero viver a métrica de sua fala
em contos esculpidos a navalha
de uma nova largada a ser dada
na vil esperança de uma chegada.
Nanda Braga e Sandro Marschhausen
sábado, 28 de maio de 2011
AMOR VIVO
Amar! Mas d'um amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos arpejos,
não sejam só delírios e desejos
d'uma doída cabeça escandecida...
Amor que viva e brilhe! Luz fundida
que penetre o meu ser - E não só beijos
dados no ar - Delírios e desejos -
Mas amor... Dos amores que têm a vida...
Sim, vivo e quente! E já a luz do dia
não virá dissipá-lo nos meus braços
como névoa da vaga fantasia...
Nem murchará o sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
contra uns débeis amores... Se têm vida?
Antero de Quental
Não sejam sempre tímidos arpejos,
não sejam só delírios e desejos
d'uma doída cabeça escandecida...
Amor que viva e brilhe! Luz fundida
que penetre o meu ser - E não só beijos
dados no ar - Delírios e desejos -
Mas amor... Dos amores que têm a vida...
Sim, vivo e quente! E já a luz do dia
não virá dissipá-lo nos meus braços
como névoa da vaga fantasia...
Nem murchará o sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
contra uns débeis amores... Se têm vida?
Antero de Quental
sexta-feira, 27 de maio de 2011
SE TU VIESSES VER-ME
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
Florbela Espanca - Charneca em Flor
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
Florbela Espanca - Charneca em Flor
AMAR
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui…além…
mais este e aquele, o outro e toda a gente..
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente.
Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi prá cantar
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja minha noite uma alvorada,
que me saiba perder…prá me encontrar…
Florbela Espanca
Amar só por amar: aqui…além…
mais este e aquele, o outro e toda a gente..
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente.
Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi prá cantar
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja minha noite uma alvorada,
que me saiba perder…prá me encontrar…
Florbela Espanca
quinta-feira, 12 de maio de 2011
O TEU RISO
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Sê
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda
terça-feira, 10 de maio de 2011
PRANTO
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Cecília Meireles em “Serenata”.
Esperei-te tanto que meu canto
de esperar-te, adormeceu
no leito do caloroso pranto
esperando os beijos teus
Esperando o suspiro da volta,
o carinho do teu corpo,
encostar-me em tua escolta
e com ela chegar ao topo.
Mas ao topo, sangrando, cheguei
da minha fiel e insana paixão,
que ao mundo meus olhos cerrei
diante da desvairada e cruel multidão.
Nanda Braga
segunda-feira, 9 de maio de 2011
VELHO RETRATO
Como aquele velho retrato de fim de tarde
onde o sol se esconde e a noite custa chegar.
Nossos momentos ainda bailam com alarde
no horizonte daquela velha estrada, embaçar,
que as manhãs não apagam
da memória cansada e solitária,
e os corpos ainda afagam
as marcas das lembranças diárias.
Queria me transportar como um cometa
àquela noite de outono onde te conheci,
onde me tiraste os rastros e a etiqueta
e me deixaste somente em um croqui.
Queria beijar-te mais uma vez,
deitar-me na relva de suas estrelas
esquecer toda a mesmice e viuvez
e não pensar em mais nenhuma perda.
Nanda Braga
onde o sol se esconde e a noite custa chegar.
Nossos momentos ainda bailam com alarde
no horizonte daquela velha estrada, embaçar,
que as manhãs não apagam
da memória cansada e solitária,
e os corpos ainda afagam
as marcas das lembranças diárias.
Queria me transportar como um cometa
àquela noite de outono onde te conheci,
onde me tiraste os rastros e a etiqueta
e me deixaste somente em um croqui.
Queria beijar-te mais uma vez,
deitar-me na relva de suas estrelas
esquecer toda a mesmice e viuvez
e não pensar em mais nenhuma perda.
Nanda Braga
domingo, 8 de maio de 2011
PARA SEMPRE (HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES)
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 7 de maio de 2011
PALCO
Encerra uma história sem meio e sem começo,
cessa o fogo, de uma paixão, não atiçado,
murcham os jardins não germinados,
anoitece nos poemas sem enredo.
Como escrever do que não foi vivido,
colher em um pomar não triunfado,
chorar por um amor não amado,
curar um ferimento não sofrido?
E como atuar nessa peça sem palco,
sem texto demente ou convincente
de um amor sem útero, sem sêmen,
sem pai, sem mãe, sem ato?
Nanda Braga
cessa o fogo, de uma paixão, não atiçado,
murcham os jardins não germinados,
anoitece nos poemas sem enredo.
Como escrever do que não foi vivido,
colher em um pomar não triunfado,
chorar por um amor não amado,
curar um ferimento não sofrido?
E como atuar nessa peça sem palco,
sem texto demente ou convincente
de um amor sem útero, sem sêmen,
sem pai, sem mãe, sem ato?
Nanda Braga
NOSTALGIA
Será que um dia meu corpo apagará
todos os arrepios que um dia
em teus braços seguros eu vivi?
Será que um dia minha boca esquecerá
do gosto, indecifrável, da sua pele
quando, nessa aventura, me permiti?
Será que um dia meu presente abrigará
outras sensações e outros gozos
que só contigo - eu pude sentir?
nanda Braga
todos os arrepios que um dia
em teus braços seguros eu vivi?
Será que um dia minha boca esquecerá
do gosto, indecifrável, da sua pele
quando, nessa aventura, me permiti?
Será que um dia meu presente abrigará
outras sensações e outros gozos
que só contigo - eu pude sentir?
nanda Braga
A BENÇÃO
Ao mar faço meus desejos
mais reluzentes,
e que no ensejo
esteja presente
a aurora da brisa,
sem nenhuma divisa
que abstraia
efêmeros sentimentos
de amor e algazarra.
E os momentos,
que as noites azulejam,
indeléveis sejam,
como aqueles
em nosso leito,
que o tempo desfez
mas que no peito
ainda queima e arde
como sol em fim de tarde.
À Senhora absoluta
do império das águas,
– sei que me escuta.
Peço como humilde nauta
que abençoe esta vossa filha
em sua árduosa trilha
de amores inúteis e dolorosos
que compõem uma historia de cores,
formas, crenças e ritmos vaporosos.
Nanda Braga
mais reluzentes,
e que no ensejo
esteja presente
a aurora da brisa,
sem nenhuma divisa
que abstraia
efêmeros sentimentos
de amor e algazarra.
E os momentos,
que as noites azulejam,
indeléveis sejam,
como aqueles
em nosso leito,
que o tempo desfez
mas que no peito
ainda queima e arde
como sol em fim de tarde.
À Senhora absoluta
do império das águas,
– sei que me escuta.
Peço como humilde nauta
que abençoe esta vossa filha
em sua árduosa trilha
de amores inúteis e dolorosos
que compõem uma historia de cores,
formas, crenças e ritmos vaporosos.
Nanda Braga
ANTINOMIA
Jurei que nunca mais escreveria uma sequer curta linha
para ti e esse amor inútil e insuportável que habita em mim.
Jurei trancar todos poemas em um baú e joga-los ao mar
só para ver e ter certeza de que nossa história teve um fim.
Mas como te abandonar ao mar e sua correnteza
se tua presença ainda é tão forte em meu entardecer
se teu olhar ainda vibra nos meus com destreza
e tuas lembranças ainda jorram mesmo sem querer?
Queria tanto mais um momento em teu peito,
minhas mãos sentem tanta falta do teu corpo
e o meu clama de saudade por teu feito.
Então! Como dizer-lhes que não somos mais o teu escopo?
Se não me conformo de não ter mais teu gosto
e de viver sem teu sorriso maroto.
Nanda Braga
para ti e esse amor inútil e insuportável que habita em mim.
Jurei trancar todos poemas em um baú e joga-los ao mar
só para ver e ter certeza de que nossa história teve um fim.
Mas como te abandonar ao mar e sua correnteza
se tua presença ainda é tão forte em meu entardecer
se teu olhar ainda vibra nos meus com destreza
e tuas lembranças ainda jorram mesmo sem querer?
Queria tanto mais um momento em teu peito,
minhas mãos sentem tanta falta do teu corpo
e o meu clama de saudade por teu feito.
Então! Como dizer-lhes que não somos mais o teu escopo?
Se não me conformo de não ter mais teu gosto
e de viver sem teu sorriso maroto.
Nanda Braga
NÃO MAIS
Decidir que não mais vou insistir,
não mais vou os botões tentar colher
dos proibidos e trancados jardins,
do teu indecifrável e misterioso ser.
Não mais vou cobiçar a rosa vermelha,
que tanto me ilumina e me seduz.
Respeitarei a pesada placa de madeira
que, como castigo, me proíbe e me reduz,
ao pó do pó de uma grande rosácea,
que findou pela seca e sua crueldade,
sem galhos, sem flores ou foliáceas,
que pudesse deixar alguma saudade.
Não mais vou querer pertencer
à tua infinita e valiosa coleção,
que dolorosamente me faz render
por tua dura e concreta objeção.
Não mais vou, em ser tua, sonhar
nem desejar por teus calibrados dedos,
minhas curtas e cheias melenas, tocar
e sentir teus beijos tirar-me todos os enredos.
Pois, toda estrada tem uma chegada,
todo romance um folhetim,
toda chuva uma estiada
e toda historia tem seu fim.
Nanda Braga
não mais vou os botões tentar colher
dos proibidos e trancados jardins,
do teu indecifrável e misterioso ser.
Não mais vou cobiçar a rosa vermelha,
que tanto me ilumina e me seduz.
Respeitarei a pesada placa de madeira
que, como castigo, me proíbe e me reduz,
ao pó do pó de uma grande rosácea,
que findou pela seca e sua crueldade,
sem galhos, sem flores ou foliáceas,
que pudesse deixar alguma saudade.
Não mais vou querer pertencer
à tua infinita e valiosa coleção,
que dolorosamente me faz render
por tua dura e concreta objeção.
Não mais vou, em ser tua, sonhar
nem desejar por teus calibrados dedos,
minhas curtas e cheias melenas, tocar
e sentir teus beijos tirar-me todos os enredos.
Pois, toda estrada tem uma chegada,
todo romance um folhetim,
toda chuva uma estiada
e toda historia tem seu fim.
Nanda Braga
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