sábado, 7 de janeiro de 2012

A ESPERA

E quando a madrugada chega,
esfrega sua ausência em minha cara,
lança seus venenos como serpente
sem piedade, sem antídoto e sem falha,

me assalta o desespero e como em fuga
dessas noites em vigorosas chamas
procuro refugio, um vil esconderijo
em um pobre poema e suas entranhas,

algo que possa me arrancar das entrelinhas,
do desassossego da minha cama amaldiçoada,
dos tantos erros cometidos e suas ladainhas
que me tiram o sono enquanto espero a chegada.

Enquanto não chega me lanço inutilmente
entre as batalhas, entre as mil espadas afiadas.
Duelo entre o sonho e o poema que facilmente
me devora, me deixando sem as, inúteis, armas,

sem qualquer vontade de continuar a lutar
contra toda aquela invisível trovoada.
E só o que desejava era poder contemplar
o nascer de mais uma nova alvorada.

Nanda Braga